1. O exercício parte da hipótese que Ciro Gomes não é candidato à reeleição. Portanto, são 3 candidatos de fato: Serra, Dilma e Marina.
2. As últimas pesquisas Data-Folha e Sensus (agregadas), com estes 3 nomes, dão a Serra 40%, a Dilma 25% e a Marina 10%. Com isso, há uma diferença de 5 pontos para haver segundo turno.
3. Marina, assim como Heloísa Helena (HH), maximiza suas intenções de voto antes da entrada da TV, pois a cobertura e as campanhas se tornam mais equilibradas. HH chegou a 12% em 08/08/2006. Em junho tinha a metade (DataFolha). No final, HH teve 6%, mas no RJ 14%. Portanto, no Brasil teve uns 5%. Essa tende a ser a trajetória de Marina.
4. Mas no RJ, se HH não teve tempo de TV, pode ser que Marina tenha, com a candidatura de Gabeira. Portanto -nesse caso- não seria de estranhar (até porque não é Lula, mas Dilma dessa vez) que com uma candidatura com muito tempo de TV a governador, Marina suba a 20% no RJ. Supondo que tenha 5% nos demais estados, chegaria a quase 7%, no total, ou um pouco mais que HH.
5. Dessa forma, para não haver segundo turno, os favoritos deveriam ter 7 pontos a mais, um que o outro. Se Marina não tiver TV no Rio, não sendo a surpresa que foi HH em 2006, e com menos discurso urbano, poderia ficar abaixo de HH em 2006, no RJ e no Brasil, portanto mais perto de 5%. Com isso, se reduziria a diferença necessária para um primeiro turno.
6. Usando os cálculo, e as razões, feitos pelo diretor do DataFolha, em dezembro, que projetam um crescimento de Dilma de uns 5 pontos, Serra ficaria com 35% e Dilma com 30%. Mesmo que esses valores se alterem -para um ou outro lado- como tendência, os 5% da Marina -mais ou menos- estariam definindo um segundo turno. Mas se ela tiver no RJ um generoso tempo de TV e passar para mais de 7%, a probabilidade de segundo turno aumenta muito. E com isso o cacife programático dela no segundo turno.
7. Na TV são 50 minutos por dia em cada bloco. Os "presidentes e deputados federais" têm o maior tempo: 25 minutos cada. A vantagem de Serra e Dilma aqui é total. Para "deputados estaduais" são 17 minutos e a vantagem de Serra e Dilma é muito grande.
8. Para "governadores" são 18 minutos e para "senadores" são 15 minutos. Na medida em que Marina, no RJ, tenha o tempo da coligação de Serra para governador, com Gabeira, seu número e suas imagens de passagem chegariam a 4 minutos por bloco, o que é bastante. Mas Serra precisará que seu número, os de sua chapa e sua imagem de passagem estejam presentes nas campanhas para o senado. Os dois "senadores" de sua coligação terão 3 minutos cada, abrindo este espaço.
9. Para Dilma só há um caminho: a plebiscitização que Lula procura tanto. Para Serra há os dois caminhos: um igual ao da Dilma e o outro oxigenar Marina nos estados onde a troca da Marina é com a Dilma. Esse é o caso do RJ. Por isso, a coligação completa PSDB-DEM-PPS com PV pode interessar a ambos: Marina e Serra. Mas Serra não pode ficar 3 dias por semana com imagem ausente. Entregando o tempo do governador terá que ter os tempos dos senadores. E desenhar bem o cenário onde aparecem os deputados estaduais de sua coligação.
10. Esta é a lógica de partida em janeiro de 2010. As pesquisas, daqui para frente, irão ajustando e até corrigindo. Quem antecipar o jogo (os acordos), ou postergá-lo, corre os riscos ou os benefícios de que as pesquisas seguintes não confirmem essas hipóteses. Então as alianças ainda poderiam ser redefinidas, em nível estadual. Que as equipes dos três lancem suas fichas e façam seus jogos, nos números e no timing que entenderem.
Fonte: Ex-Blog do César Maia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário