segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Rambo de Honduras
Veja, ilustre leitor, o belo tipo faceiro e armado, que você admira ao lado. Expulso de seu país de pijamas - acredite, este é Manuel Zelaya, o Rambo de Honduras, o hóspede bem trapalhão da nossa embaixada, o democrata aspirante a bolivariano, que queria, contrariando a Constituição hondurenha, saber do povo se poderia ficar mais um pouquinho no poder.
E poder é com ele mesmo, de preferência com armas na mão, segundo a biografia divulgada pela agência de notícias Dow Jones. Originário da oligarquia rural de Olancho, um estado violento e machista do centro de Honduras, dominado por latifundiários, o rapagão não hesitou em defender a tiros as propriedades da família.
O cabeludo da foto, que ainda não usava seu indefectível chapéu, gostava de tocar guitarra, pilotar suas motos Harley Davidson e cavalgar seus cavalos, não necessariamente nessa ordem. Aos 23 anos, em 1975, o pai, José Manuel como o filho, foi preso por ajudar oficiais do exército a matar e torturar catorze ativistas rurais, entre eles dois padres.
“Papá” Zelaya pegou 20 anos de cadeia, nela ficando por menos de um ano, beneficiado por uma anistia geral. Zelaya filho ficou muito abalado, abandonou a universidade e voltou a Olancho para tocar os negócios da família. Dizem os amigos que o agora protegido do Itamaraty dormiu várias vezes na prisão, fazendo companhia ao pai.
Essa experiência teria “forjado” sua personalidade - ele que não teve educação formal e que, de fazendeiro cabeludo e armado, se viu falando na ONU, após ascensão meteórica no Partido Liberal de Honduras, pelo qual se elegeu presidente em 2005.
Desarmado de educação, seu discurso de posse, improvisado, estava cheio de erros no idioma pátrio. O ricaço ruralista, que gostava de dar uns tirinhos por aí, viajou muito no primeiro ano de governo, sempre com a família e grande comitiva, levando certa vez até a netinha de sete meses para ganhar beijinhos do então presidente George W. Bush.
Mas, numa curva do destino, o inexpressivo Zelaya topou com o venezuelano Hugo Chávez e seu mundão de petróleo e fanfarronice, mudou o discurso e deu no que deu: virou hóspede permanente da embaixada, uma casa brasileira com certeza, onde reinam a paciência e a tolerância.
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