segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Serpente negra em Belém.
De volta à vitrine, Dilma Rousseff fechou o fim de semana com uma visita à cidade de Belém, capital do Pará.
A ministra-candidata cumpriu uma agenda dividida em duas partes. Um pedaço pecaminoso e outro religioso.
Deu-se na noite de sábado (10) o compromisso pagão. Dilma jantou com duas dezenas de lideranças políticas do Pará.
Gente filiada a dez partidos: PMDB, PT, PDT, PR, PP, PTB, PCdoB, PSB, PRB e PSC. Em Brasília, dão suporte a Lula. No Pará, apóiam a governadora petista Ana Julia.
O repórter conversou com duas pessoas que roçaram cotovelos com Dilma na mesa do jantar.
Contaram que a ministra cercou de mesuras um dos comensais: Jader Barbalho, dono de biografia salpicada de máculas.
O grão-pemedebê Jader está às turras com Ana Julia, a duquesa petista que, em 2006, ele ajudara a eleger.
Praticamente rompido com a governadora, Jader vai às urnas de 2010, como adversário de Ana Julia, candidata à reeleição.
Jader oferece a Dilma um segundo palanque no Pará. Mas o PT da governadora exige exclusividade.
Prevalecendo o “PTpólio”, Jader ameaça coligar-se com o PSDB, recepcionando em seu palanque o presidenciável José Serra, maior rival de Dilma.
Munida de panos quentes, a ministra excedeu-se nos mimos ao PMDB e a Jader. Referiu-se à legenda como principal parceira da gestão Lula.
Recuando no tempo, recordou a tenacidade com que Jader defendera o governo na época do escândalo do mensalão, em 2005.
A portas fechadas, levou à mesa a crise do Senado. Disse que o apoio que o governo deu a José Sarney (PMDB-AP) é prova de “reciprocidade”.
Dilma vinha de uma visita à Bahia. Um Estado em que o PT também se estranha com o PMDB.
Submetido à liderança do governador Jaques Wagner, o petismo baiano torce o nariz para o segundo palanque oferecido a Dilma pelo pemedebê Geddel Vieira Lima.
Geddel fora alvo de afagos semelhantes aos que Dilma dirigiria, em Belém, a Jader. Um prenúncio de que a ministra não é avessa à estratégia do palanque múltiplo.
Na manhã de domingo (11), Dilma foi ao Círio de Nazaré, o naco imaculado de sua agenda paraense.
Testemunhou a maior festa católica do país. Mobiliza algo como 2 milhões de devotos numa procissão dedicada a Nossa Senhora de Nazaré.
Dilma assistiu a tudo do alto de um palanque erigido defronte de um prédio público. Disse ter feito à Virgem Maria, vários pedidos.
Quais? Esquivou-se de informar. “Segredo da fonte”, alegou, tomando de empréstimo uma expressão usada por jornalistas.
A ministra se disse impressionada com o número de fiéis que carregavam tijolos e miniaturas de casas. Por quê? Perguntou ela a duas pessoas.
“Uma respondeu que era por agradecimento. Outra, por promessa, para conseguir uma casa”.
Dilma fez política: "Fico muito satisfeita com o fato de termos feito o programa Minha Casa, Minha Vida [...]”.
A certa altura, a ministra foi como que contagiada pela impopularidade da governadora. Um grupo de fiéis protestou diante do palanque.
Ouviu-se um coro dirigido a Ana Julia. Mais "saúde". Mais "segurança". Sobrou para a ministra: "Dilma pode esperar, há sua hora vai chegar".
Fonte: Blog do Josias de Souza.
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