quarta-feira, 17 de outubro de 2012

José Ricardo participa da apresentação do relatório do Comitê da Verdade que denuncia genocídio dos Waimiris-Atroaris no Regime Militar



O deputado José Ricardo Wendling (PT) participou na manhã desta quarta-feira (17), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da apresentação do primeiro relatório do Comitê Estadual da Verdade, Memória e Justiça, que denuncia o genocídio praticado contra aproximadamente dois mil indígenas da etnia Waimiri-Atroari durante o Regime Militar.
“Há a necessidade de uma investigação criteriosa sobre o massacre contra esse povo. Esse relatório traz importantes documentos e relatos oficiais, com mais de mil páginas, relatando à sociedade o que realmente aconteceu nesse período e a forma como o Governo tratou essas pessoas. Tem caráter oficial, não de punir e nem de perseguir, mas de trazer à tona a verdade”, declarou ele, que integra o Comitê no Amazonas.
O Comitê da Verdade foi instalado na cidade em maio deste ano, tendo como principal objetivo a apuração de crimes praticados pela Ditadura Militar contra amazonenses, dentre eles os índios Waimiri-Atroari. Tem como integrantes cidadãos voluntários e representantes de entidades, de órgãos e da sociedade civil, e desde lá vem colhendo informações e recebendo denúncias sobre esses crimes.
A primeira investigação do Comitê concentrou-se no genocídio contra esses indígenas que viviam ao longo da BR-174 (Manaus-Boa Vista), tendo como principal idealizador o professor, indigenista e pesquisador Egídio Schwade, coordenador do Comitê no Estado, que atuou no processo de alfabetização na língua desse povo.
“É uma obrigação da nossa sociedade, principalmente, das autoridades, dos políticos e da sociedade em geral, responder sobre o porquê esse povo perdeu seus pais, seus filhos e avós, de forma brutal”.
No relatório consta que no início do século passado existiam cerca de 6 mil índios nessa área. Já em 1967, foram reduzidos a 3.072, conforme pesquisas feitas pela Fundação Nacional do Índio (Funai). E em 1975, restaram menos de 1 mil Waimiris, exatamente no período de maior agressão a esse povo. Já em 1983, existiam somente 332 indígenas. Segundo o relatório, os governos militares da época tratavam esse massacre como uma fatalidade, algo irreversível, frente aos interesses econômicos, que coincidiam com o início das obras da BR-174 (1967). E quando perceberam que essas terras ao longo da estrada estavam ocupadas, começaram a desocupar com o uso de armas.

Para o procurador da República, Júlio José Júnior, esse relatório é importante para fazer parte da documentação já existente e que integra um Inquérito Civil Público em andamento no Ministério Público Federal (MPF), que investiga esses casos de violação dos direitos humanos, podendo ser levado ao Judiciário.
Esse relatório foi encaminhado à Comissão Nacional da Verdade, instituída pelo Governo Federal para esclarecer casos de violação de direitos humanos durante a Ditadura Militar, inclusive, a autoria de tortura, mortes, desaparecimentos forçados, perseguições políticas e ocultação de cadáveres já perdoados pela Lei da Anistia, por meio do coordenador geral, Gilney Viana, presente no evento e que integra a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

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