Tucano criticou o abandono dos mutirões de cirurgias da época em que era ministro e a petista comparou os 14 milhões de empregos da era Lula com os 5 milhões de FHC; Marina teve participação tímida e Plínio atacou ‘bom-mocismo’ de todos os rivais
O primeiro debate entre presidenciáveis na TV, que ontem reuniu, na Band, os candidatos José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), acabou se transformando em um duelo entre os dois primeiros, que Serra tentou puxar para a saúde e Dilma para números e realizações do governo Lula.
Em um dos poucos momentos mais fortes, o tucano chamou de "cruel" o abandono dos mutirões de cirurgias pelo atual governo e a petista comparou os 14 milhões de empregos da era Lula com os 5 milhões do governo FHC.
Foi um confronto morno, sem emoção, a não ser nas curtas e duras críticas de Plínio aos demais. Dilma sobreviveu, com certo nervosismo e algumas frases longas e genéricas, ao seu primeiro grande teste público. Ao final do programa - que foi moderado por Ricardo Boechat, e tendo como perguntadores os jornalistas Joelmir Betting e José Paulo de Andrade - a petista conseguiu passar os avanços do governo Lula e Serra, além de exibir sua familiaridade com a saúde, prometeu "estatizar" de novo empresas como os Correios, que em sua opinião foram aparelhados pelo PT.
Os quatro responderam sem surpresas à primeira questão, sobre qual seria sua prioridade entre saúde, educação e segurança. Plínio advertiu que nesses três "há um problema de desigualdade social" a ser enfrentado "com firmeza". Marina, com voz rouca, ressaltou educação, "porque a desinformação é responsável pela falta de oportunidade", mas elegeu a saúde, "porque o brasileiro não pode esperar mais nenhum momento". Serra disse que os três "são como três órgãos do corpo humano" e já adiantou que "criará um ministério para a segurança pública". Dilma disse que uma gestão não pode ter a prioridade pedida na pergunta, "tem de atender aos três, que são os pilares de um governo".
O embate Serra-Dilma começou em seguida. O tucano "convocou" Dilma para citar "as posições concretas" sobre os três temas. Ela agradeceu a chance de retomar o assunto e mencionou as unidades de polícia pacificadora (UPPs) do Rio. Na réplica, Serra citou "a consulta e o exame", esquecidos nos projetos de saúde, e introduziu na conversa os mutirões de saúde - tema que tornaria a mencionar nas fases seguintes do debate, já que Dilma discordou deles, por "não serem políticas estruturantes".
Dilma reagiu introduzindo a comparação Lula-FHC perguntando a Serra "qual a aprendizagem" como oposição e como situação? Ele avisou que como oposição, nunca jogou "no quanto pior, melhor". E que tratou a oposição "como adversária, não como inimiga". Marina reclamou da incapacidade de PT e PSDB de um "realinhamento histórico".
Movimentos sociais. Plínio arrastou Dilma para uma longa discussão de desmatamento, código florestal e limite das propriedades e jornada de trabalho. A petista pediu "respeito aos movimentos sociais", dizendo que não é papel do governo determinar a jornada.
Dilma provocou Serra sobre empregos, perguntando com vai fazer, depois de um governo que criou 14 milhões de empregos formais. Ele reagiu. "Não tem de fazer campanha com olho no retrovisor", disse o tucano. E a petista: "Acho confortável que esqueça o passado, mas não acho prudente. Em plena crise, tiramos 24 milhões de pessoas da pobreza". O tucano escapou criticando o estado das estradas federais. E em seguida quis saber por que o governo federal "está discriminando" entidades como as Apaes. O ex-ministra caiu na provocação: Ele cobrou: "Você, como ministra muito forte, como deixou que isso acontecesse?"
Na fase das perguntas de jornalistas, Joelmir perguntou a Dilma sobre os altos juros cobrados pelo atual governo. "Ela explicou que, com a estabilidade, eles tendem a cair. E José Paulo de Andrade questionou Serra sobre privatizações. Ele disse que "o Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo". E vendeu a "nota fiscal brasileira". Sobre privatizações, prometeu: "Vou valorizar o patrimônio público. Não vou arrebentar empresas importantes, como os Correios."
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