sábado, 18 de janeiro de 2014

Entomologista da Ufam identifica praga que vem atacando plantações de mandioca em Tefé


Lagarta Spodoptera eridania é registrada pela primeira vez nesta cultura


O doutor em entomologia e Diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/UFAM), Neliton Marques, identificou a lagarta que afetou cerca de 100 hectares de plantação de mandioca em Tefé. O especialista atuou atendendo um convite do secretário de Produção Rural, Eron Bezerra.

De acordo com Neliton, este é o primeiro registro da lagarta Spodoptera eridania em plantações de mandioca no Amazonas “Esse tipo de praga ataca qualquer tipo de cultura e vai devastando áreas, inclusive, as que possuem plantações com folhas novas”, detalhou o pesquisador.

Por ser algo novo para a academia, Neliton está preparando um artigo para apresentar no Congresso Brasileiro de Entomologia que acontece em setembro em Goiânia. Ele deseja publicar também na revista New Tropical Entomology.

Caso - De acordo com Neliton, que esteve em Tefé na última segunda-feira (13) acompanhando o secretário Eron Bezerra, no primeiro contato com os produtores rurais da região as características da lagarta indicava que se tratava de uma espécie chamada mandarová. “Diante das informações dos produtores, fomos a campo conferir como a lagarta estava se comportando e ao chegar a uma área de plantação observamos que se tratava de uma lagarta que ainda não havia sido registrada na cultura de mandioca no Amazonas”, destacou.

 “Trouxemos amostras para o laboratório de Entomologia e Acarologia Agrícola da FCA/UFAM e após análises taxonômicas concluímos que se trata da espécie Spodoptera eridania, da Ordem Lepidoptera e Família Noctuidae. Este é o primeiro registro no Estado desta espécie atacando plantações de mandioca”, ressaltou o pesquisador.

Segundo ele, é de suma importância que as demandas do interior cheguem aos especialistas da UFAM, entre outras instituições, para que questões como essa sejam solucionadas e, assim, métodos eficazes sejam desenvolvidos.

Neliton explicou ainda que este tipo de lagarta tem preferência por folhas ‘novinhas’ e, ainda, por plantações vastas como é o caso da produção da mandioca em Tefé. “Outro detalhe é que a espécie é noturna, durante o dia as lagartas se abrigam no solo, debaixo das folhas, troncos e, durante a noite, são mais ativas, destruindo as plantações e na fase de mariposa, costuma voar somente à noite”.

Segundo Eron Bezerra, a área cultivada da cultura no município chega a mil hectares e que a ação rápida da Secretaria foi fundamental para evitar danos maiores aos produtores. “A produção do município é bem representativa no Estado. Porém, esse ataque na região não deve afetar o valor do produto final. A perda aconteceu, mas não o suficiente para mexer na economia da cultura”, avaliou Eron.

Recomendações - O doutor em entomologia descreveu também que a Spodoptera eridania passa pelas fases de ovo, lagarta, pupa e adulto. Como lagarta passa por cinco a seis fases até virar pupa, quando transforma-se em adulto na forma de mariposa. Porém, é no estágio de lagarta que destrói as plantações.

“Diante disso, a sugestão imediata é combater a população dessa lagarta. Esta é a fase em que os produtores rurais mais sentem os prejuízos causados pela espécie. No entanto, o ideal é que haja uma estratégia de manejo integrado que resulte no controle efetivo da praga atingindo todas as fases do seu ciclo biológico”, disse.

Atuação da Sepror - Após catalogar a espécie, Neliton, recomendou alguns produtos químicos de baixa toxidade e seletivos (agrotóxicos) indicados oficialmente para o controle das lagartas do gênero Spodoptera. “Os produtos são indicados e registrados no AGROFIT/MAPA para o gênero Spodoptera. Após, a aplicação de agrotóxicos, a praga deve ser monitorada em dois ciclos, mais ou menos, com intervalos de 15 dias. Depois disso, deve-se continuar o monitoramento e caso seja necessário fazer o controle a partir de produtos biológicos”, ressaltou.

Diante do diagnóstico e recomendações, a Sepror já tem embasamento acadêmico para dar continuidade as ações de combate a praga e de recuperação do solo na área em Tefé. A expectativa é que em cerca de 50 dias, após a aplicação dos produtos, a área esteja apta para receber nova plantação.

O monitoramento da área afetada pela praga será feito por técnicos da Secretaria de Executiva de Política Agropecuária e Florestal da Sepror. Os agrotóxicos e produtos necessários para combater a lagarta serão adquiridos pela Sepror em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) e pela Prefeitura do Município.

Descrição da Espécie - A lagarta, quando totalmente desenvolvida, mede cerca de 35 mm de comprimento. É de coloração marrom escuro com listras longitudinais no dorso. A principal característica é a presença de faixa lateral longitudinal de cor amarela, interrompida por uma mancha escura no tórax. O adulto é uma mariposa de coloração cinza-claro com cerca de 40 mm de envergadura. As asas anteriores são acinzentadas possuindo uma pequena mancha preta no centro. As asas posteriores são esbranquiçadas.

Quando em alta densidade populacional podem desfolhar completamente o roçado causando a morte da planta e inviabilizando a produção de tubérculos.

Como não há registro de inseticidas para o controle de Spodoptera eridania em mandioca, deve-se optar por produtos registrados para controle de lagartas do gênero Spodoptera (AGROFIT).

Fotos: Felix Maués 

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