Petismo invoca cessão da vice a Temer e ‘exige’ fidelidade
Cobrança de 'lealdade' se estende a 3 praças: RS, SC e MS
Ao sentar com os dirigentes do PMDB para fechar os palanques regionais, a cúpula do PT passará da posição de demandada à de demandante.
Os operadores da campanha de Dilma Rousseff estão incomodados com a “passividade” do PMDB diante de suas defecções.
O incômodo é maior em relação a São Paulo, o Estado de Michel Temer. Ali, Orestes Quércia conspira a céu aberto contra Dilma.
Presidente do diretório paulista do PMDB, Quércia apóia o tucano José Serra e concorre ao Senado na chapa de Geraldo Alckmin.
O alto petismo considera “constrangedor” que a ala governista de Temer não esboce ao menos uma reação para tentar barrar Quércia.
Recorda-se que Temer, além de ter sido admitido na chapa de Dilma como vice, emplacou um apadrinhado na pasta da Agricultura.
Desde o início de abril, responde pelo Ministério da Agricultura Wagner Rossi. Filiado ao PMDB, é paulista, como seu padrinho.
O que pede o PT? Que Temer organize um movimento para deter, na convenção estadual, a homologação da candidatura de Quércia ao Senado.
Ainda que atenda aos apelos dos parceiros, Temer terá dificuldade para entregar a “mercadoria”. Quércia controla a maioria do diretório paulista do PMDB.
O caso de São Paulo não é único. O PT deseja que o “aliado” pegue em lanças também em outros Estados nos quais o PMDB flerta com Serra.
Nos subterrâneos, o partido de Lula menciona, em especial, três unidades da federação: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul.
No Rio Grande, cobra-se do PMDB federal uma ação para impedir que o ex-prefeito José Fogaça, candidato ao governo, feche com Serra.
De novo, é “mercadoria” difícil de ser levada à gôndola. Fogaça chegou a manter um par de reuniões com Dilma. Ensaiou a adesão.
Foi às manchetes uma especulação sobre a iminência da viabilização de dois palanques pró-Dilma no Estado.
Um provido por Fogaça. Outro, pelo ex-ministro da Justiça Tarso Genro, que vai às urnas como candidato do PT ao governo local.
Porém, o PMDB e o PT gaúchos são como água e azeite. Difícil de misturar. Algo como 80% dos correligionários de Fogaça pendem para Serra.
Em Santa Catarina, o pemedebê Luiz Henrique governou por dois mandatos em aliança com PSDB e DEM.
No final do ano passado, a tríplice aliança catarinense começou a fazer água. Na semana passada, o DEM lançou a candidatura solo de Raimundo Colombo.
O tucanato age para manter o apoio de Luiz Henrique a Serra. E o PT federal abespinha-se com a “inação” do pedaço governista do PMDB.
Avalia-se que o grupo de Temer desperdiça a hora. Diz-se que poderia aproveitar a crise local para obter, pelo menos, a neutralidade de Luiz Henrique.
No Mato Grosso do Sul, o governador pemedebê André Puccinelli, candidato à reeleição, bandeia-se para o lado de Serra em reação a Zeca do PT.
No ano passado, o PMDB nacional rogou para que o petismo retirasse Zeca do caminho de Puccinelli. Deu em nada.
Nos últimos dias, Zeca e Puccinelli, rivais inconciliáveis, desfilaram as respectivas candidaturas pelos mesmos ambientes.
Um não cedeu ao outro nem mesmo a gentileza de um cumprimento. Evitaram até mesmo a troca de olhares.
A despeito da atmosfera eletrificada, o PT reivindica que Puccinelli, muito ligado ao grupo de Temer, aceda à tática do duplo palanque.
Faz-se uma analogia com o caso da Bahia. Se dependesse da vontade de Lula, o pemedebê Geddel Vieira Lima seria candidato ao Senado, não ao governo.
Por exigência do PMDB, admitiu-se que Geddel escalasse o ringue baiano contra o governador petê Jaques Wagner, amigo de Lula e candidato à reeleição.
Dilma irá aos palanques de Geddel e de Wagner. E o PT federal não se conforma com o fato de o PMDB rejeitar a aplicação da mesma fórmula na terra de Puccinelli.
Noves fora a admissão de Temer na chapa de Dilma, o PT invoca o caso de Minas Gerais para realçar sua condição de “credor” na relação com o PMDB.
Desafiando seu diretório mineiro, aferrado à candidatura de Fernando Pimentel, o PT de Brasília age para por de pé o palanque único do pemedebê Hélio Costa.
Diz-se que a incorporação de Pimentel ao projeto de Hélio virá por bem. Se não vier, será assegurada por mal, em decisão do diretório nacional.
Diante de tais “sacrifícios”, o PT considera-se legitimado para “exigir” do grupo de Temer uma dose maior de comprometimento.
Um dos operadores petistas de Dilma esclareceu : cobra-se do PMDB o empenho, não o resultado. Se as armadilhas forem desarmadas, tanto melhor.
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