Paz inquieta– Cerca de mil pessoas se reuniram neste domingo (05/01) na praça de alimentação do município de Apuí (a 455 quilômetros da capital, Manaus) em um culto ecumênico para orar pelas três pessoas desaparecidas na BR 230 rodovia Transamazônica e para pedir paz no campo.
O ato foi realizado pelo Sindicato Rural do Sul do Amazonas (SINDISUL) juntamente com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (FAEA) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Nós, atendemos a uma solicitação dos organizadores do culto e viemos falar pela paz; mas uma paz que também deixassem inquietas as pessoas para clamar por justiça. Uma paz que inquieta as pessoas, mas que não possa ocorrer incitação ao ódio, e também com as mesmas palavras do nosso bispo que busque a reconciliação e que não seja de fato a justiça esquecida”, disse o padre Raimundo Magalhães, Pároco de Apuí. Além do Padre Magalhães o evento contou com a participação de pastores de Apuí e Santo Antônio do Matupi (km 180).
Moradores de Apuí e Santo Antônio do Matupi estiveram presentes no culto; antes da celebração autoridades locais participaram de uma mesa e relembraram o desaparecimento a mais de 16 dias de Luciano Freire, Aldeney Salvador e Stef Pinheiro, e os possíveis desfechos para o caso.
Dona Irisnéia Santos Azevedo, esposa de um dos desaparecidos não pode comparecer ao evento, mas falou por telefone para toda a população presente. Ela descreveu as dificuldades que vem passando desde o desaparecimento de Stef Pinheiro e agradeceu o apoio de todos.
Para o presidente da FAEA, Muni Lourenço, a realização do culto foi um ato para pedir justiça e pela paz no campo. Ressaltando que a instituição defende o direito à vida no campo e que é contra a violência. O dirigente também defende que um posto da Polícia Rodoviária Federal na Transamazônica.
Assinaturas
Coordenado pela equipe do SINDSUL, foi realizado a coleta de assinaturas para um abaixo assinado; no qual os moradores do Sul do Amazonas pedem a extinção da cobrança de pedágio na Rodovia Transamazônica, no trecho da Reserva Indígena Tenharim. A cobrança do pedágio foi alvo dos protestos de moradores de Apuí, Matupi e Humaitá e está entre as principais reivindicações.
O presidente do SINDISUL, Carlos Koch, disse estar preocupado com a situação e esclareceu a motivação para o ato. “Nós produtores rurais estamos demonstrando com esse movimento pacífico que nós somos humanos e que temos nossos direitos, entre eles o direito a vida e o direito de ir e vir.”
Eliaquim Cordeiro Duarte, pastor da Igreja Assembléia de Deus de Matupi, afirmou, “nós viemos de Matupi numa caravana de 45 pessoas em causa justa somar com os moradores de Apuí. Então nós estamos reunidos pra clamar a Deus em prol dessas famílias, dessas pessoas desaparecidas buscando a paz acima de tudo e também o fim do pedágio”.
Presidente do Conselho de Cidadãos do Distrito Santo Antonio do Matupi, José Roberto de Carvalho, participou e pediu que as autoridades que cessem as inimizades, as rivalidades de classe e a discriminação contra os produtores rurais. “Nós somos um país com capacidade de produzir alimentos para o mundo inteiro e por que está acontecendo isso. Hoje eu acho que nós somos tratados pior do que um animal”.
O prefeito de Apuí, Adimilson Nogueira, também está preocupado com os últimos acontecimentos na Rodovia. Segundo ele alguns investidores assim como trabalhadores rurais tem manifestado desejo de abandonar o município.
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