Certos silêncios, quando precedidos de grandes barulhos, são extremamente úteis. Permite ouvir os pequenos ruídos, como o ranger de dentes.
Ao chegar para a posse de Cezar Peluso no cargo de presidente do STF, Lula foi rodeado pelos jornalistas.
Instaram-no a reagir a Ciro. E Lula, navegando na maionese que Ciro acomodou sob seus sapatos: "Estou mudo".
Nesse primeiro momento, em meio aos estilhaços, Lula preferiu terceirizar ao petismo as respostas a Ciro.
Presidente do PT, José Eduardo Dutra, buscou inspiração em Chico Buarque. Cantarolou “Gota D’água”:
"Deixe em paz meu coração/Que ele é um pote até aqui de mágoa/E qualquer desatenção, faça não/Pode ser a gota d'água".
Para Dutra, a mágoa de Ciro não decorre da ação de Lula ou do PT. Foi provocada pelo PSB, que lhe negou a candidatura.
O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), líder de Lula na Câmara, acha que Ciro foi “muito injusto” com o presidente e com o PT. Por quê?
"Nós garantimos a ele a possibilidade de sair para o governo de São Paulo, ele não topou. Nós não concordamos com a tese de sua candidatura para a presidência...”
“...Ele que tem que arcar com a política dele, por isso está sendo muito injusto com o PT e com o presidente".
Para Vaccarezza, Ciro nem merece resposta: "[...] Ele tem um jeito próprio. Agora posso dizer que o apoio dele é importante e continua sendo".
Secretário nacional de comunicação do PT, o deputado André Vargas (PR), descrê da possibilidade de Ciro bandear-se para o front do inimigo:
"Ele tem toda a sua vida pautada pela divergência com o PSDB. Não vai ser agora que ele vai fazer o serviço dos tucanos. Temos que ter calma com ele".
A ficha do petismo demora a cair. Tomado pelo teor de sua entrevista, Ciro tomou distância de Dilma Rousseff:
“Não me peçam para ir à televisão declarar o meu voto, que eu não vou”.
Pior: Ciro anteviu uma crise fiscal e cambial. E praticamente recomendou voto em José Serra:
"Como o PT, apoiado pelo PMDB, vai conseguir enfrentar esta crise? Dilma não aguenta. Serra tem mais chances de conseguir”.
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