Por Fernando Rodrigues.
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) fez um apelo dramático ao seu partido ontem num longo artigo postado em seu site. De maneira indireta, Ciro admite que deseja ser candidato a presidente mesmo que seja para perder. Eis o que ele escreveu:
“A candidatura própria do partido à Presidência da República será muito benéfica à estratégia de levar o PSB a ser grande. Se conseguirmos 15% que seja dos votos, significam cerca de 20 milhões de eleitores acreditando na mensagem do PSB”.
Traduzindo: 15% dos votos é uma marca considerável, mas ninguém ganha o Palácio do Planalto com esse percentual.
Ou seja, Ciro está abertamente dizendo que deseja marcar posição para ajudar a puxar votos para o PSB, mas não necessariamente para ganhar a Presidência da República. Ele escreve: “Se tivermos a ousadia de fazer uma campanha casada em todos os níveis poderemos eleger importantes bancadas nas assembleias estaduais, na Câmara e no Senado”.
Em seguida, vem o sonho: “Já imaginaram, então, se a nossa mensagem empolgar? E se algum dos favoritos escorregar e cair? Podemos chegar até mais longe. E estamos preparados para isso”.
Ciro Gomes pode estar preparado, mas o PSB não dá demonstrações de entusiasmo por essa ideia. O presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é candidato à reeleição em seu Estado. É um aliado muito próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fechou uma coalizão com o PT na política pernambucana. Para Campos, é muito mais conveniente apoiar Dilma Rousseff (PT) para o Planalto.
Tudo somado, o artigo de Ciro Gomes parece ter sido um “último suspiro” da sua pretendida candidatura a presidente da República. Não que ele dê demonstração de desistência imediata. A decisão só será tomada possivelmente em junho. Mas as coisas não parecem estar ido bem para Ciro dentro do PSB –até porque quando o político começa a fazer apelos de fora para dentro, é porque não tem apoio interno na legenda.
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