A seca recorde que atinge o Amazonas deixou pelo menos 36 localidades isoladas no município de Manacapuru.
“Ainda tem muita família passando fome”, afirma Elma Pinheiro Magalhães, coordenadora da Defesa Civil municipal, que comanda uma força tarefa para levar alimentos às pessoas mais prejudicadas.
Somente no leito do rio Manacapuru são 16 comunidades que estão ilhadas.
O levantamento do órgão mostra que 145 comunidades foram afetadas, totalizando 12.695 pessoas.
Sem água, não há peixe e não há pesca, a principal forma de sustento da população que margeia os rios do município.
Alguns moradores se precaveram e conseguiram estocar alimentos, explica a secretária do Turismo local, Lo Amir Ribeiro Fernandes.
“Quando o rio começa a secar tem aquele acúmulo de peixe. Depois, os peixes vão correndo para onde tem água. Quem tem geladeira e energia elétrica salgou e está se mantendo com isso”, afirma ela.
Outros, além de não terem peixes, perderam também às hortas que mantinham.
“Não dá para aguar. Até a mandioca que é mais forte queimou”, diz.
E o que sobrou dificilmente é utilizado.
“Sem água não dá para fazer farinha. A mandioca não serve para cozinhar e comer, é só para farinha d’água.”
Quando não estão completamente isolados – alguns acessos são feitos por helicóptero –, os ribeirinhos que antes saíam de casa com o pé no rio hoje precisam caminhar quilômetros.
“Tem lugar do rio Manacapuru que é preciso andar 5h, 6h para chegar”, diz Elma Pinheiro Magalhães.
Fotos cedidas pela Defesa Civil mostram que no Paraná dos Munducarus, há um mês, os rios já estavam secos.
As dificuldades na cidade não são poucas.
Ainda aguardando o helicóptero prometido pela Defesa Civil da capital, os alimentos são levados por um helicóptero cedido pela Polícia Militar. E o trabalho é demorado.
“Cada cesta básica pesa 20kg e um helicóptero leva de 18 a 20. Tem comunidade com 60, 100 famílias. São várias viagens para abastecer um só local”, afirma.
Com número reduzido de funcionários, o órgão precisou de ajuda para lidar com a seca e conta agora com cerca de 30 pessoas divididas em turnos.
Desde o início de novembro, já foram entregues 2.160 cestas básicas nas comunidades de Cajazeiras, Irapajé, Macumiri, Jatuarana, Cumã, Vila do Ena, Piranha, Jaiteua, Lago do Castanho, Iauara, Costa do Tuiué, Ilha do Ajaratuba, Ilha do Marrecão, Paraná do Cabaleana, Timbó, Repartimento do Tuiué, Paraná do Paratari, Paratarrizinho, Canabuoca e comunidade Linda Nova.
Apesar das dificuldades, a Prefeitura de Manacapuru acredita que até o final de novembro todas as famílias vítimas da seca no município terão sido atendidas
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