Carlos Chagas
O grande mal causado a Brasília pelo governador José Roberto Arruda ultrapassa o roubo de dezenas de milhões de reais aos cofres públicos. Transcende o descrédito das empresas privadas que prestam serviços ao estado. Vai além da quebra de confiança gerada em partidários, amigos e familiares do governante.
Pior do que tudo está sendo o desmonte da imagem que a capital federal projetava no país. Fala-se da verdadeira imagem, não daquela forjada por jornalões de São Paulo e do Rio, há décadas empenhados em denegrir a cidade por conta da inveja e da frustração de suas elites, que precisam vir aqui para decidir seus negócios e inteirar-se das grandes decisões nacionais.
Falamos da verdadeira imagem de Brasília, agora posta em frangalhos. Porque sempre que algum pateta chamava a capital federal de “ilha da fantasia”, de “paraíso dos ratos” e sucedâneos, podíamos responder que os ratos não eram daqui. A maioria chegava às terças-feiras e ia embora às quintas, para seus estados. Traziam a corrupção e os maus costumes, ao tempo em que em Brasília se trabalhava. A representação política local não atrapalhava, tanto por ser mínima e desimportante quanto porque parecia imune às lambanças trazidas de fora.
Agora, não é mais. A situação mudou. Arruda promoveu a mudança, claro que acompanhado. Mobilizou bem mais do que os quarenta ladrões, vestido não propriamente de Ali Babá, mas de Ali Babão.
Hoje, torna-se inútil defender Brasília, coisa que talvez leve outros cinquenta anos para tornar-se possível. Isso caso os ladrões e os bandidos venham a ser postos para fora do poder público e das atividades econômicas. Eis o maior mal praticado pelo infeliz governador: turvou a imagem da capital federal.
Até o PMDB?
O mensalão era propriedade do PT. Descobriu-se depois pertencer também do PSDB. Com a lambança divulgada agora, ganhou a adesão do DEM. Dos grandes, estava de fora o PMDB.
Pelo jeito, não está mais. Tomara sejam falsas e mentirosas as denúncias envolvendo grandes figuras da direção do maior partido nacional. Pelas imagens e os diálogos divulgados, o governador Arruda irrigava Michel Temer, Henrique Eduardo Alves, Tadeu Filipelli e outros, com dinheiro sujo.
O ônus da prova cabe a quem alega, mas no caso dessa lambança de Brasília, seria bom que antes de mais nada, os acusados demonstrassem sua inocência.
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