domingo, 26 de maio de 2013

Dilma refaz o caminho que a levou ao poder em 2010

BRASÍLIA Nada de portos, energia, inflação, articulações políticas e desafios para 2014. A entrevista exclusiva concedida pela presidente Dilma Rousseff ao jornalista Jorge Bastos Moreno, do Globo, publicada neste sábado, cumpriu outra função: a de expor a intimidade da segunda mulher mais poderosa do mundo, revelando seu lado mãe, mulher e dona de casa. A estratégia é semelhante à de 2010, quando Dilma começou a conquistar corações e mentes da classe média, ao conceder uma entrevista na cozinha de Ana Maria Braga, também da Globo – na ocasião, Dilma fez uma omelete.
Foi também sobre a cozinha que ela iniciou seu depoimento ao jornalista do Globo. "Eu preciso ter um fogão, urgentemente!", disse a presidente, que gostaria de poder preparar suas próprias refeições, rapidamente. Hoje, tudo fica a cargo dos cerimoniais dos palácios do Planalto e da Alvorada. "Mas não querem me dar um fogão. A cozinha fica muito longe dos meus aposentos. Às vezes, quero comer um omelete, um mexido. E não tenho fogão", disse ela.
Sobre a tensão do dia-a-dia, Dilma falou que pretende se cuidar com mudanças de comportamento. "Acabam de me recomendar esse tipo de tratamento, a busca da medicina comportamental. Sugeriram que eu tentasse algum tipo de concentração logo ao acordar, uma coisa zen, desligando-me dos problemas", disse ela.
Dilma também falou sobre televisão. Disse que o canal Viva, que reapresenta novelas e programas antigos, é seu canal preferido. Lá, ela assiste ao "Sai de baixo", seu programa preferido, e ao Viva o Gordo, de Jô Soares. "Todos os personagens do Jô eram ótimos, mas eu me divertia com os bombeiros encanadores", afirmou. A presidente também elogiou as atrizes Fernanda Torres, Adriana Esteves e Andréa Beltrão, que seriam suas prediletas.
Ela também assiste à nova novela da Globo, Amor à Vida, protagonizada pela atriz Paola Oliveira, que vive Paloma, uma médica em busca da filha desaparecida. "Tenho certeza de que, se fosse mais nova e tivesse filhos pequenos ou adolescentes, eu não conseguiria exercer em plenitude a presidência da República. Se, na minha ausência, acontecesse qualquer coisa com um filho pequeno, eu abandonaria tudo e voltaria correndo. O sentimento materno é muito maior do que qualquer outra coisa", disse Dilma, revelando seu lado mãezona.
Sobre a Copa, a presidente afirmou que o estádio mais belo, por fora, é o Mané Garrincha, de Brasília, enquanto, por dentro, seria o Maracanã, no Rio.
A entrevista ocorreu num momento de distensão nas relações entre a Globo e o Palácio do Planalto. Ontem, o Globo Repórter exibiu um especial sobre o milagre do emprego no Brasil – em abril, foram criadas quase 200 mil vagas com carteira assinada. Na sexta, o jornal também se rasgou em elogios à decisão da presidente de colocar em leilão o campo de Libra, maior bloco do pré-sal.
É pela Globo, maior grupo de mídia do País, que a presidente, mais uma vez, inicia sua caminhada antes de uma nova eleição.

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