Nas duas últimas votações mais importantes para o governo, a MP dos Portos que precisou passar pela Câmara e o Senado, as contas só fecharam para uma maioria quando o partido se uniu, ainda que na marra. Cresce o volume das reclamações dentro da legenda de falta de diálogo com o governo e, especialmente, pouca retribuição a gestos de disciplina partidária.
Durante o longo processo de negociações para a votação da MP dos Portos, todos os presidenciáveis, a começar pela presidente Dilma Rousseff, atuaram em negociações que apontam para acordos com vistas ao apoio do PMDB em 2014.
Apesar da vitória de Dilma, o tucano Aécio Neves não desistiu de ter ao menos uma parte do PMDB ao seu lado. Ele aposta nas diferenças entre o governador do Rio, Sergio Cabral, com o PT para conseguir o apoio no terceiro maior eleitorado do País. Aécio também joga com as contradições internas da legenda para esperar o melhor momento de tentar uma aliança com o todo do partido, ainda que isso pareça, neste momento, uma missão impossível.
"A aliança com o PMDB já foi muito testada", afirmou a presidente Dilma na Etiópia, onde está em viagem oficial. Após a votação da MP dos Portos, quando agradeceu pessoalmente o trabalho a seu favor dos presidentes da Câmara, Henrique Alves, e do Senado, Renan Calheiros, ela fez questão de expressar a confirmação, ainda uma vez, do vice-presidente Michel Temer como seu companheiro de chapa em 2014. Temer, por seu lado, disse em plenária do partido que a legenda deverá ter candidato a presidente apenas e 2018.
Com maior discrição, mas apetite igualmente aberto, o governador Eduardo Campos, do PSB, fica atento a dissidências no PMDB para ampliar suas alianças regionais. Na Bahia, o deputado Geddel Vieira Lima tem aumentado o tom de suas críticas ao relacionamento da legenda com o governo, que, segundo ele, não dialoga com os parlamentares e não os contempla com contrapartidas por sua postura disciplinada.
Geddel não reclama sozinho. Não foi pequeno o esforço de Alves e Renan para guiarem, das mesas, a bancada do partido na direção de Dilma. O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, foi o maior artífice da dissidência, comandando uma resistência que levou a sessão de aprovação se estender por 48 horas. Ele já agiu outra vez, enfiando um desconto de 45% na dívida dos Estados com a União no projeto de reforma do ICMS de interesse do Ministério da Fazenda. Nada vai passar facilmente por ele.
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