Ex-morador da favela da Rocinha, um pedaço do Brasil que não sabe o que é um embargo infringente, o auxiliar de pedreiro Amarildo de Souza foi assassinado por policiais militares, concluiu inquérito da polícia civil do Rio de Janeiro. Descobriu-se que a vítima, sumida desde 14 de julho, foi submetida a choques elétricos. Também foi asfixiado com saco plástico.
Em notícia sobre o inquérito, os repórteres Sérgio Ramalho e Elenilce Bottari contam que Amarildo era epilético. Não suportou a sessão de tortura, ocorrida na UPP (unidade de polícia pseudopacificadora) da Rocinha. Depois de matá-lo, os PMs sumiram com o cadáver. Chama-se Rivaldo Barbosa o delegado civil que conduziu o inquérito que oferece ao país as primeiras respostas sobre o desaparecimento de Amarildo.
Foram indiciados dez PMs. Entre eles o major Edson Santos, que comandava a UPP da Rocinha no dia em que Amarildofoi detido e sumiu. Na noite desta terça (1), o inquérito foi à mesa do promotor Homero Freitas, do Ministério Público do Rio. Caberá a ele oferecer denúncia contra os PMs à Justiça Federal. Algo que deve ser feito nos próximos dias.
De acordo com os achados da equipe do delegado Rivaldo Barbosa, os PMs torturaram Amarildo a pretexto de arrancar dele informações sobre a localização de armas e traficiantes. Outros três moradores da favela informaram à polícia civil que passaram pelos mesmos suplícios. Evidência de que, longe da publicidade oficial, parte da pacificação policial do governo de Sérgio Cabral reproduz práticas de um Brasil arcaico. Um país em que o cidadão é estimulado a não conversar com policiais senão em legítima defesa.
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