quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cirandas Atravessam o rio

Vizinhos do bairro da Compensa, antes distantes apenas pelos 14 kms do Rio Negro, mas agora vizinhos como um bairro do outro, pelo milagre da ponte, as Cirandas do Festival de Manacapuru estarão no dia 5 de outubro se apresentando no tablado do campo do Estrela, na parte mais pobre do  bairro, porém mais rica em cultura, arte e capacidade criativa.
O encontro dos vizinhos vai representar o primeiro pulo oficial das Cirandas em direção a conquista do público seleto de Manaus, criando sementes na cidade para germinar na empolgação de torcidas, seguindo os passos da caminhada dos bois de Parintins.
Em grande estilo as Cirandas, com suas cores e gingas, com Cirandeiras Belas, Porta Cores, princesas cirandeiras e  cirandeiros , chegarão para uma visita oficial ao Teatro Amazonas, por obra e graça do secretário Robério Braga, seguindo depois para uma programação da Associação dos Moradores da Compensa, com direito a passeio na Ponta Negra, almoço festivo e finalmente a apresentação pioneira nos palcos do bairro, abrindo as janelas do futuro.
Mais do que um pulo do outro lado do Rio Negro, as Cirandas que tem as cores e a impetuosidade do rio Solimões, segue o planejamento de uma nova etapa de vida e tem até o aval da Prefeitura de Manacapuru que cedeu o transporte e a assinatura, com a cessão de ônibus e o acompanhamento.
Para o líder comunitário Itamar Nunes, a presença das Cirandas no Festival da Cultura da Compensa, é valiosa porque significa o reconhecimento do bairro como a explosão da arte de Manaus, embora ainda reprimida pela falta de apoio, mas consciente do próprio valor, agora reconhecida oficialmente pela Secretaria de Cultura do Estado que chegou a programar e realizar até mesmo a final do Festival de jazz nesta parte esquecida de Manaus.
“O que está acontecendo na Compensa é um grito de alerta, é a exemplo da cidadania que obra direitos de ser e de existir, à  movimentação popular que mostra que tem corpo e alma e pode ir à conquista de direitos que  são negados por obra e graça de uma estrutura elitista e egocêntrica”. Afirmou Itamar, para lembrar que  até pouco tempo o quadrilátero da cultura no Amazonas terminava no Largo São Sebastião, nas casas recuperadas do centro, e nos Festivais milionários de cultura externa que não deixava nem saudades.
“Hoje, os eventos chegam aos bairros e se espalham pelos municípios, como ocorreu em Parintins que ganhou até Opera e viu o Bumbodromo, que antes era um elefante branco, se transformar num centro cultural. Aqui estamos começando, e os que antes eram ouvidos fechados, agora já ouvem nossas vozes que, unidas, vão fazer um barulhão” afirmou Nunes.
Na faixa da cidadania, no final do Festival da Cultura haverá uma nova rodada de serviços públicos, com emissão de documentos, atendimento médicos e odontológicos, corte de cabelos, cursos de qualificação, inscrição para o emprego e até mesmo recreação e entretenimento infantil como orientação ao transito, meio ambiente e proteção contra drogas.
Na parte cultura, continuam valendo a entrada com a doação de leite, fraldas ou brinquedos que serão doadas para a Fazenda Esperança e Casa Vidha, numa promoção da Primeira Dama e secretária de Ação Social Goreth Garcia, para diminuir as carências de pessoas que tem dificuldade de acesso a benefícios sociais.
O Festival Cultural é realizado no campo do Estrela, localizado no coração da Compensa, conta com atrações do bairro e de toda a cidade, danças e música, além de um conjunto de bancas de alimentos e áreas de diversão para crianças e jovens no Parque de Diversão, que é o melhor da cidade.
Mais ainda: na Escola onde serão realizados os serviços de cidadania, serão abertos também espaços para exposição de artes, desde pinturas, grafite ou artesanato, abrindo oportunidades para toda a força de criação do bairro.
“É o primeiro passo da escrita de uma história de redenção de valores e de integração da comunidade que participa ativamente, porque percebeu que está defendendo a própria vida de qualidade e de direitos reprimidos.” Explicou Jerry, presidente da Associação Esportiva da Compensa.

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