Brasília. A cúpula do PMDB – um dos partidos da base do governo Dilma Rousseff – está resgatando uma ideia antiga: antecipar do mês de junho para abril a convenção nacional que discutirá os caminhos da legenda nas eleições presidenciais deste ano. Isso aconteceu por causa da resistência da presidente Dilma Rousseff em dar mais um ministério para o PMDB.
Em fevereiro, a presidente começa a fazer a tão falada reforma ministerial visando as eleições de 2014. No entra e sai dos ministérios, cada partido quer garantir sua parte.
Na prática, a antecipação do calendário no PMDB guarda nada mais nada menos que uma ameaça velada: o risco de o partido deixar de fazer parte da base aliada do governo federal.
O Palácio do Planalto ainda vê o gesto como blefe e, ao menos agora, não acredita em uma saída drástica como essa. O partido tem hoje cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Agricultura e Secretaria de Aviação Civil) e quer ganhar mais um: a Integração Nacional.
Conversa. Em conversa preliminar na noite de anteontem com o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), a presidente Dilma afirmou que precisa contemplar outros aliados, como PTB, PROS e PSD. O objetivo claro é evitar que estes partidos apoiem candidatos da oposição.
No encontro, a presidente disse que o PSD do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, está sub-representado no governo federal, e que PTB e Pros ainda não tem cargos no primeiro escalão. Dilma e o vice-presidente Michel Temer ficaram de ter uma nova reunião.
Ao deixar o encontro com a presidente, Temer seguiu para sua residência oficial, onde encontrou-se com integrantes da cúpula do PMDB para comunicar a posição do Palácio do Planalto com relação à reforma ministerial.
Nos bastidores, vários integrantes começaram a ventilar a proposta de antecipar a convenção partidária. Essa foi uma alternativa negada sistematicamente pelo vice-presidente da República em dezembro, quando os mesmos rumores começaram a surgir.
No mês passado durante um encontro com jornalistas, Temer havia dito que, se o PMDB seguisse esse caminho, não haveria volta. À época, ele afirmou que a sigla não poderia antecipar a convenção, sair do governo, ser atendido e, então, fazer outra convenção para voltar. Ele também afirmou no mês passado que tal manobra poderia custar a vice-presidência ao PMDB, o que não seria vantajoso nem para o partido nem para ele.
REUNIÃO. O clima no PMDB não é dos melhores. Hoje à noite está prevista uma reunião da cúpula do partido para tentar fechar uma posição com relação ao governo.
Conhecido pelo apetite por cargos, a ameaça de saída do PMDB do governo vem sendo vista com ceticismo pelo Executivo. E é justamente com isso que a presidente Dilma conta.
O PMDB teria dificuldades para apoiar a campanha do governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) à Presidência da República. Isso porque há resistência da ex-senadora Marina Silva em receber uma legenda tida, em sua maior parcela, como fisiológica.
Já com relação ao PSDB com a provável candidatura do senador Aécio Neves (MG), o ingresso do PMDB é visto como mais fácil. O rompimento, porém, é uma decisão difícil.
Recado. Na conversa com Temer, Dilma afirmou que tende a manter o Ministério das Cidades com o PP, pois não quer ver o aliado aproximando-se de algum dos dois principais adversários dela nas eleições. O objetivo é não perder apoio de legendas hoje na base do governo. Quanto mais partidos numa chapa, mais tempo de TV o candidato terá para fazer sua campanha. O cálculo de Dilma Rousseff é justamente esse: ampliar sua hegemonia para divulgar o seu programa de governo.
A lista
O PMDB ocupa hoje os seguintes ministérios no governo Dilma Rousseff:
1. Ministério das Minas e Energia
2. Ministério da Previdência Social
3. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
4. Ministério do Turismo
5. Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (que tem status de ministério)
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