Nesta semana, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, pode ter cruzado um Rubicão importante da política. No programa nacional do partido, fez críticas diretas ao governo Dilma. Em entrevista à revista Exame, expôs seus pontos de vista sobre os mais diversos temas. A mobilização foi tão intensa que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) lhe deu boas-vindas à oposição. Mais cauteloso, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) avisou que seu partido ainda é governo. E a própria Exame perguntou: "É ou não é?"
Campos já deixou claro que sua decisão só será anunciada em 2014. Mas o Palácio do Planalto já estuda pedir de volta todos os cargos do PSB no governo federal. Recentemente, todos os socialistas que estavam nas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) foram demitidos e substituídos por petistas.
Mas o espaço de Campos no governo federal é muito maior. Além do ministério da Integração Nacional, o PSB comanda a poderosa Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), com orçamento de investimentos de R$ 1,9 bilhão para este ano, e a direção da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), investimentos previstos de R$ 112 milhões. Tanto João Bosco de Almeida, presidente da Chesf, quanto Marcelo Dourado, da Sudeco, são ligados a Campos.
A mudança de partidos na base aliada, no entanto, não significa uma mudança de pessoas nos ministérios hoje ocupados pelo PSB. Os ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional) e Leônidas Cristino (Portos) já estariam negociando a saída do PSB, segundo reportagem do jornalista João Domingos, do Estadão. Bezerra pode estar a caminho do PT, enquanto Cristino deverá ir para o PSD ou para o PRB.
Para o líder do PT na Câmara, José Guimarães, a decisão deverá ser tomada rapidamente. "O Eduardo Campos é candidato à Presidência e está em campanha. O governo tem de decidir logo essa situação. Não dá para ficar protelando até o final do ano, pois o PSB já rompeu com o governo", disse ele ao Estadão. "Separou, separou. Cada um vai para seu lado cuidar da vida. Só não pode ocupar os cargos no governo e fazer o papel de oposição", acrescentou ainda o líder petista.
No Planalto, no entanto, ainda há um certo temor em relação à possível vitimização de Eduardo Campos, que, sem os cargos, teria o pretexto imediato para cair nos braços da oposição.
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