sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Doenças respiratórias são as que mais matam crianças no Amazonas

Manaus - Doenças respiratórias como pneumonia, desconforto respiratório do recém-nascido e asfixia, foram as que mais mataram crianças menores de 1 ano, no Amazonas até junho deste ano. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), dos 350 óbitos registrados no grupo etário por doenças consideradas incidentes, 34% (118) tiveram a deficiência nas vias aéreas ou problemas pulmonares como causa.
Para o diretor-presidente da FVS, Bernardino Albuquerque, a oferta de um serviço de pré-natal mais quantitativo que qualitativo às gestantes do Estado, ainda, figura entre os principais motivos da mortalidade de crianças. “Infelizmente, grande parte da população, em especial a do interior, não tem acesso a todos os exames exigidos no pré-natal, como por exemplo os sorológicos, capazes de detectar doenças congênitas como rubéola e toxoplasmose”, afirmou, ressaltando a necessidade de aquisição de UTIs neonatais ou Unidades de Cuidados Intensivos para os municípios com o objetivo de dar assistência aos recém-nascidos.
Além dos equipamentos destinados a casos graves, respiradores infantis e médicos intensivistas compõem a lista de prioridades, afirma o diretor-presidente.
Somadas aos problemas respiratórios, as infecções bacterianas como estreptococos B e e.coli, assim como a malformação do coração, diarreia, transtornos decorrentes de partos prematuros e baixo peso ajudam a compor o quadro de doenças que mais matam crianças, no Amazonas.
O número de menores de 1 ano mortos, em 2013, pelo grupo de doenças, já equivale a 65,7% dos 532 óbitos registrados pelo mesmo motivo em todo o ano passado, conforme dados do Núcleo de Sistemas de Informação do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM/Nusi).
Bernardino afirma que, além da falta de exames laboratoriais, o Amazonas enfrenta também o déficit de médicos nos municípios do interior, sendo possível facilmente constatar que a maioria das consultas feitas pelas gestantes durante o pré-natal contam apenas com a participação da equipe de enfermagem. “Prova desta situação é que quando analisamos as causas da mortalidade materna, a hipertensão arterial continua sendo uma das mais comuns, apesar de completamente evitável”, disse.
Neste ano, 35 mortes de bebês na faixa etária menor de 1 ano, não tiveram a causa definida, por falta de exames complementares. Levando em consideração o período de 2009 a 2012, o número de óbitos com causa desconhecida sobe para 320, 11,5% das 2,7 mil mortes totais notificadas, no período.
As mortes sem assistência, ou seja, quando a criança morre em casa sem registro médico, foram responsáveis por 18 casos, fato que para Bernardino força a necessidade de ampliação no quadro de médicos nos municípios.
De janeiro a junho, 183 crianças de zero a 27 dias morreram, no Estado, vítimas das seis doenças apontadas como de maior incidência pela FVS, sendo 51 por desconforto respiratório; 48 por infecções bacterianas; 26 por pramaturidade e baixo peso; 30 por malformação do coração; 16 por causa indefinida e 12 por asfixia ao nascer.
Responsável por 30 mortes até junho, o equivalente a uma média de cinco óbitos mensais, as doenças diarreicas e gastrointestinais figuram, de acordo com o diretor-presidente, como um outro desafio a ser superado no interior.
“Nesse caso já temos um outro fator importante que é a condição de vida dessas pessoas, ou seja, a qualidade da água, a falta de saneamento, a baixa renda e o isolamento”, afirma, destacando que todos estes pontos contribuem para que as mortes infantis ocorram e o declínio da mortalidade, no Estado, seja mais lento.
Decorrentes de partos naturais realizados sem a higiene necessária, as infecções bacterianas como estreptococos B e e.coli adquiridas através do canal do parto merecem atenção dos pais, segundo Bernardino, podendo ser detectadas a partir de sintomas como febre e amarelidão da pele. “Através da cultura do sangue é possível optar pelo antibiótico mais eficaz, pois nem todos agem na bactéria”, disse.

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