Somente este ano, Manaus registrou mais de 1.500 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, número que deixa a capital amazonense como a primeira em abuso infanto-juvenil, de acordo com a relatora da CPI da Pedofilia, deputada federal Lilian Sá.
Os dados foram apresentados durante a Audiência Pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), de autoria do deputado estadual Luiz Castro (PPS), ocorrida na noite desta segunda-feira (23), no plenário da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
A relatora da CPI afirmou que os dados do delegado da Polícia Civil, Henrique Batista, deveria despertar a atenção de Omar Aziz. “Parece que a pedofilia é coisa banal. Cadê o governador do Amazonas, que não vê o problema de seu Estado?”, criticou. Segundo o deputado Luiz Castro, as secretarias municipais e estaduais de Assistência Social, Direitos Humanos, de Juventude e Segurança Pública; Polícias Civil, Federal e Rodoviária, além de Conselhos Tutelares municipais e representantes da sociedade civil foram convidados à audiência para democratizar as informações destes órgãos públicos no Amazonas.
Conforme o parlamentar, um dos maiores problemas de pedofilia no Estado está no município de Coari, devido às acusações de crimes de exploração sexual do prefeito da cidade, Adail Pinheiro. “O caso de Coari deve ser o que mais nos escandaliza, porque é poder constituído que faz a prática da pedofilia”, insistiu.
A presidente da CPI, Erika Kokay, assinalou que tem conhecimento das ameaças referente às investigações do Caso Adail Pinheiro. Nas palavras da deputada federal, mesmo com as ameaças, a Comissão ‘não irá se intimidar’. “Vamos apurar o que deve ser apurado e haverá avanço substancial para interromper a saga de crianças que sua vida dilacerada”, declarou.
Conselhos tutelares
Durante a audiência, Luiz Castro ressaltou as inúmeras dificuldades enfrentadas pelos Conselhos Tutelares municipais, órgãos que atuam diretamente no enfrentamento da exploração sexual. O parlamentar denunciou a falta de auxílio dos prefeitos: os gestores, via de regra, não repassam verbas para as instituições.
O conselheiro do Movimento Nacional dos Direitos Humanos – Região Norte, Renato Souto, concordou com o deputado e acrescentou outra problemática: a falta de infraestrutura mínima para o trabalho em qualquer município amazonense. Nas palavras da conselheira da zona Centro-Oeste, Leidinalva do Nascimento, “chove mais dentro do que fora quando há chuvas”.
Também estiveram presentes os deputados José Ricardo (PT) Conceição Sampaio (PP), Sidney Leite (DEM), Abdala Fraxe (PTN) e Wanderley Dallas (PMDB); o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Wesley Aguiar; o chefe do 1º distrito da Polícia Rodoviária Federal Benjamim Afonso Neto; a juíza da Infância e Juventude de Manaus, Rebeca Mendonça Lima; a secretária-executiva de Assistência Social e Cidadania, Graça Prola; e o Delegado da Polícia Civil do Amazonas, Henrique Batista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário