Serão investidos R$ 9 bilhões em combate aos efeitos da seca no Nordeste, anunciou nesta manhã a presidente Dilma Rousseff, que participa de reunião da Sudene (Conselho Deliberativo da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) com os governadores da região. "Combater a seca é uma questão de tecnologia", disse Dilma, de acordo com o jornal O Povo. "Todos sabem que nos últimos 10 anos o Nordeste cresceu mais que o Brasil. Não podemos deixar que todos os recursos escoem com a seca", acrescentou.
A presidente também anunciou a prorrogação do prazo de pagamento das dívidas contratadas por produtores agropecuários atingidos por uma das secas mais rigorosas das últimas décadas na região. "Todos os agricultores que contrataram crédito para produção tiveram problemas. Nós não podemos ignorar que houve problemas. Se você não teve produção, você não tem receita para pagar sua dívida", disse Dilma.
"Por essa razão nós autorizamos para todos os produtores de municípios da Sudene com situação de emergência reconhecida pelo governo federal, a prorrogação do pagamento das dívidas contratadas no período de 2012 a 2014 por um período de 10 anos, com início de pagamento, no caso dos produtores empresariais, em 2015, e no caso dos agricultores familiares, para 2016", acrescentou a presidente. Dilma não entrou em detalhes sobre as condições que serão estabelecidas para os produtores.
A presidente chegou nesta manhã a Fortaleza, sob chuva, para anunciar um pacote anti-seca além de outros investimentos no Ceará. Na Base Áerea, ela foi recebida pelo prefeito da capital, Roberto Cláudio (PSB), e pelos senadores Inácio Arruda (PCdoB) e José Pimentel. Acompanhada do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira, Dilma participará de reunião da Sudene com os governadores do Nordeste para discutir os problemas da seca – a pior em 50 anos na região.
O encontro amistoso com o governador cearense, Cid Gomes (PSB), se mostrará como um contraste à troca de provocações com Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, na semana passada, quando ele lembrou que não falta apoio do Estado ao governo federal e ela destacou a necessidade de parceiros fieis na base do governo. Desta vez, será anunciado ainda um convênio com o Ceará para a construção de um Centro Olímpico em Fortaleza, cujos investimentos devem alcançar R$ 230 milhões, além da construção de uma refinaria da Petrobras no Estado.
Antes da reunião da Sudene, os governadores da região, mais os de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), e do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), afinaram as reivindicações que seriam feitas à presidente, como a ampliação dos programas Bolsa Estiagem e Garantia Safra, o perdão da dívida de pecuaristas e agricultores diretamente atingidos pela seca e a liberação de recursos para o setor hídrico. O plano do governo é anunciar investimentos federais e medidas emergenciais de enfrentamento à seca.
A visita da presidente no Ceará envolve outros eventos, mas segundo o governador, sem pompa, uma vez que "não há clima" para celebrações na região. Os planos que serão anunciados nesta terça-feira pela presidente são promessas feitas a Cid Gomes há cerca de um mês, quando os dois se reuniram em Brasília. Segundo ele, nada tem a ver com apoio político. "Todas as vezes que procurei a presidente ela me atendeu, não tem nada a ver com política eleitoral. Nunca vinculei meu apoio político a isso, ele é espontâneo. Mas é claro que a atenção especial que a presidente tem tido sempre com o Ceará contribui", afirmou.
Relação com Campos
A maior expectativa para a reunião da Sudene é ver como a presidente e o governador de Pernambuco vão se comportar, já que ambos procuram "marcar território" no Nordeste, reduto tanto da petista como do pessebista. Procurado pelos repórteres assim que chegou ao local do evento, Eduardo Campos desconversou sobre as eleições presidenciais de 2014 dizendo que "não é hora de falar sobre sucessão presidencial" e que sua ida ao Ceará tem como objetivo discutir ações de combate à estiagem. Mas o governador deve fazer novas crítica ao governo, ainda que em tom discreto.
Campos já disse que uma das preocupações dos Governos Estaduais nordestinos é a burocracia para fazer as medidas contra a seca saírem do papel. Preocupado com o fato de o PT querer colar nele a pecha de ingrato e traidor em função de suas pretensões eleitorais, Campos teria em mãos uma série de dados referentes aos prejuízos causados pela estiagem de maneira a rebater as críticas contra ele, caso julgue seja necessário.
Cid Gomes, que acompanhou a presidente em sua chegada a Fortaleza, apoia a reeleição da petista. Mas também vive-se a expectativa para saber se seu irmã e ex-governador cearense, Ciro Gomes, apresentará algum posicionamento sobre o pleito 2014. O pessebista chegou afirmar que Campos não estava preparado e nem tinha visão de país, defendendo, portanto, o projeto de reeleição da presidente Dilma. Porém, numa entrevista à TV Diário, do grupo Verdes Mares, disse no começo deste mês que gostaria de ver uma candidatura da legenda socialista.
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