Texto extraído - portaldosbares.blogspot.com
A escolha das fontes é algo essencial na prática do bom-jornalismo. Jornalista sem fontes é jornalista natimorto. E isso serve para qualquer veículo. Esta semana, por exemplo, uma emissora de TV da cidade fez uma excelente reportagem sobre os péssimos hábitos dos amazonenses de estacionarem mal, de invadirem as calçadas, não apenas com veículos, mas também, com as construções, lanches e coisas do gênero. Quem foi o entrevistado da tal matéria? Você consegue adivinhar? Eu apostei que seria o presidente do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (IMPLURB), o ex-prefeito de Manaus, Manoel Ribeiro, mais conhecido como Manoel Pracinha, também muito lembrado porque seria “o próximo”, porém, foi afastado da Prefeitura de Manaus, em 1988, por meio de uma intervenção decretada pelo então prefeito Amazonino Mendes, seu agora-chefe. O hoje senador pelo PR e ministro dos Transportes do Governo Dilma, Alfredo Nascimento, debutou na política como interventor, à época. Em 4 de dezembro de 1988, o jornal A Crítica, trazia a seguinte manchete:”Interventor revela toda a corrupção na Prefeitura”. Um relatório de 334 páginas apresentado por Nascimento revelava, dentre outras coisas, “aquisições sem licitação, uso em excesso de passagens aéreas e irregularidades no pagamento da coleta de lixo”. Manoel Ribeiro (PTB) que seria “o próximo” candidato ao Governo do Estado, com o apoio de Amazonino Mendes, caiu em desgraça e foi viver no ostracismo político, no Rio de Janeiro. Recentemente voltou à cena pelas mãos do novamente prefeito Amazonino Mendes e se transformou no “homem-de-ferro” do antigo amigo-irmão-desafeto. Nada mais natural que fosse chamado para a boa reportagem feita pela televisão da cidade. Mas, pasmem, leitores e leitoras: o chamado foi um azulzinho. Nem mesmo o chefe da fiscalização do IMPLURB, ou, talvez, um fiscal. Nada contra os guardas-de-trânsito municipais. Apenas contra as multas que eles aplicam sem o menor critério. A reportagem, porém, ficaria muito melhor resolvida se quem me provocou tantas recordações, o “pulso-forte” do IMPLURB, Manoel Ribeiro, fosse o entrevistado. Tenha, portanto, esmero na escolha das fontes. Ela por matar a tua reportagem.
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