sexta-feira, 26 de julho de 2013

Conflitos por terra no Amazonas sobem mais de 6%

MANAUS - Os conflitos agrários no Amazonas aumentaram 6,25% de 2011 para 2012. Atualmente, 57 pessoas, a maioria trabalhadores e extrativistas, estão ameaçadas de morte e não chegaram a receber nenhum tipo de proteção do Governo Estadual. Segundo a pesquisa "Conflitos no Campo Brasil – 2012", lançada nesta quinta-feira (25), pela Comissão da Pastoral da Terra (CPT), em Manaus (AM), mais de 3,4 mil famílias, num total de 34 conflitos, sentiram os efeitos das disputas no ano passado em 17 municípios amazonenses, incluindo a Capital. O levantamento aponta, ainda, uma tentativa de assalto e duas mortes em 2012.

Um dos casos mais recentes da violência no campo envolve o agricultor Benedito Aparecido Rodrigues, 51 anos, morador da comunidade de Ribamar, a 30 quilômetros de Manicoré, município localizado a quase 400 km de Manaus. De acordo com o agricultor, sua casa foi invadida e incendiada duas vezes por uma pessoa que afirma ser proprietária da área, porém o local pertence ao Governo Federal, tanto que a Superintendência do Patrimônio da União no Amazonas (SPU-AM) teria emitido uma autorização para que Ribamar e outras três famílias usufruíssem da terra de maneira sustentável.
O suposto proprietário do local, que esteve na comunidade em 2009, não reconhece o documento da SPU. Para o agricultor, a única lei que vale é a dele (o "dono"). "O João Ricardo (pessoa que alega ser dona da terra) chegou com três jagunços, cada um com uma espingarda, e me jurou de morte. Ele disse que naquela noite ia me matar junto com meus filhos e mulher e jogar dentro d'água. Fugi para a cidade, fiz um boletim de ocorrência na delegacia e não posso mais voltar para a comunidade", disse.
Ribamar contou que, durante as colheitas, ele e os filhos eram expulsos do terreno pelo posseiro, que deixava a colheita a cargo dos seus funcionários, prejudicando os que sobreviviam da agricultura. "Quando pedíamos nosso dinheiro pelos alimentos que plantamos o João Ricardo dizia que era o pagamento pelo uso que fizemos da terra. As pessoas que aceitaram ficar são obrigadas a pagar R$ 500 por ano a ele e dar 50% da produção dos alimentos. Caso não deem, ele ameaça de morte", afirmou.
O caderno "Conflitos no Campo Brasil" é um livro que reúne as dados e informações dos conflitos em cada Estado e apresenta o panorama de onde ocorrem, as causas do problema e quem são os principais envolvidos. O lançamento ocorre anualmente sempre no dia 25 de julho (Dia do Agricultor) e apresentando os dados do ano anterior. Posteriormente, o estudo é encaminhado às principais autoridades no Brasil para dar mais transparência ao problema e cobrar soluções do Governo Federal.


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