Um dos casos mais recentes da violência no campo envolve o agricultor Benedito Aparecido Rodrigues, 51 anos, morador da comunidade de Ribamar, a 30 quilômetros de Manicoré, município localizado a quase 400 km de Manaus. De acordo com o agricultor, sua casa foi invadida e incendiada duas vezes por uma pessoa que afirma ser proprietária da área, porém o local pertence ao Governo Federal, tanto que a Superintendência do Patrimônio da União no Amazonas (SPU-AM) teria emitido uma autorização para que Ribamar e outras três famílias usufruíssem da terra de maneira sustentável.
O suposto proprietário do local, que esteve na comunidade em 2009, não reconhece o documento da SPU. Para o agricultor, a única lei que vale é a dele (o "dono"). "O João Ricardo (pessoa que alega ser dona da terra) chegou com três jagunços, cada um com uma espingarda, e me jurou de morte. Ele disse que naquela noite ia me matar junto com meus filhos e mulher e jogar dentro d'água. Fugi para a cidade, fiz um boletim de ocorrência na delegacia e não posso mais voltar para a comunidade", disse.
Ribamar contou que, durante as colheitas, ele e os filhos eram expulsos do terreno pelo posseiro, que deixava a colheita a cargo dos seus funcionários, prejudicando os que sobreviviam da agricultura. "Quando pedíamos nosso dinheiro pelos alimentos que plantamos o João Ricardo dizia que era o pagamento pelo uso que fizemos da terra. As pessoas que aceitaram ficar são obrigadas a pagar R$ 500 por ano a ele e dar 50% da produção dos alimentos. Caso não deem, ele ameaça de morte", afirmou.
O caderno "Conflitos no Campo Brasil" é um livro que reúne as dados e informações dos conflitos em cada Estado e apresenta o panorama de onde ocorrem, as causas do problema e quem são os principais envolvidos. O lançamento ocorre anualmente sempre no dia 25 de julho (Dia do Agricultor) e apresentando os dados do ano anterior. Posteriormente, o estudo é encaminhado às principais autoridades no Brasil para dar mais transparência ao problema e cobrar soluções do Governo Federal.
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