A presidenta Dilma Rousseff decidiu, após longa conversa a portas fechadas com o ex-presidente Lula, na última quarta-feira, em Salvador, que não realizará qualquer alteração em sua equipe, apesar da pressão das ruas e de setores da própria base aliada. De Recife, o possível adversário Eduardo Campos, hoje governador de Pernambuco, aliado do governo, recomenda que a mandatária ouça “bons conselho”, mas ela permanece irredutível. Dilma tem recebido críticas até do aliado PMDB, recomendando-a o corte no número de ministérios (atuais 39) e a substituição de alguns de seus comandantes, entre eles o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e a secretária de Comunicação Social, Helena Chagas.
Dilma teria pedido a Lula, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, para “enquadrar” o PT, pois os parlamentares do partido não estariam, em sua avaliação, contribuindo para defender o governo e suas recentes propostas, a exemplo do plebiscito para a realização da reforma política. Dois líderes petistas teriam expressado contrariedade especificamente contra o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que publicamente defendeu a redução do número de ministérios de 39 para 25.
Lula, segundo o Estadão, teria concordado com Dilma em não mexer em sua equipe sob pressão, para tentar não transparecer qualquer fragilidade num momento em que a própria base aliada enfrenta problemas.
Tarefa difícil
Lula ouviu a presidenta na condição de franco favorito para as eleições do ano que vem. Na pesquisa CNI/Ibope, divulgada na véspera, o ex-presidente viu disparar o número de eleitores que prefere o seu governo em vez da gestão atual. Em março, 18% afirmaram que o governo atual era pior que o passado. Em julho foram 46%.
Segundo notas veiculadas na coluna Painel, do diário conservador paulistano Folha de S.Paulo, “causou perplexidade” na equipe da presidenta a decisão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) de realizar pesquisa de avaliação do governo fora do calendário trimestral de levantamentos da entidade. “A última pesquisa CNI/Ibope tinha sido divulgada em junho, no auge dos protestos no país. A intenção ao realizar nova rodada, segundo o presidente, Robson Andrade, foi justamente medir o impacto das manifestações na avaliação de Dilma Rousseff e dos governadores”.
Segundo o jornal, “disparou o percentual de eleitores que consideram o governo Dilma pior que o de Lula, pela CNI/Ibope. Em março, 18% dos entrevistados diziam que a atual administração é inferior à passada. Agora, são 46%. O índice de eleitores que dizem que Dilma faz governo melhor que o de Lula caiu de 20% em março para 10%. O grupo que acha as gestões equivalentes caiu de 61% para 42%. O pior desempenho de Dilma se dá no Rio de Janeiro de Sérgio Cabral (PMDB), onde ela tem 19%. Petistas dizem que a presidente deveria se descolar do governador, ao lado de quem vai aparecer no domingo.
Para Andrade, a forte queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff é de difícil reversão na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), porque depende das respostas do governo aos protestos e das condições econômicas do país, disse a entidade nesta quinta-feira, após divulgação de nova pesquisa que apontou queda na aprovação da presidente.
Ruim e péssima
A avaliação ruim e péssima do governo Dilma disparou para 31% em julho e agora empata com o percentual dos que consideram a administração da petista ótima e boa, mostrou pesquisa Ibope feita para a CNI e divulgada nesta quinta. Os que veem o governo como regular aumentaram para 37%, em comparação a 32% no mês passado.
Em junho, antes das manifestações que tomaram as ruas do país pedindo, entre outras coisas, por melhores serviços públicos, a avaliação positiva era de 55% e a negativa de 13%.
– Se a sociedade continuar reclamando de saúde, segurança e educação, que são problemas que não se resolvem rapidamente, pode ser que apenas com as medidas que estão sendo tomadas você reverta o quadro, mas acho que é quadro mais difícil de reverter – avaliou o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato Fonseca.
De acordo com ele, uma eventual recuperação da aprovação da presidente passa também pelo desempenho da economia que, no entanto, não tem dado sinais de melhora.
– Se a economia voltar a crescer rapidamente, as pessoas sentirem melhora em termos de emprego, e isso vai se refletir nas demais variáveis, você tem também melhora mais rápida dessa avaliação. (A economia) está apontando para um aprofundamento da crise, se isso realmente acontecer… a avaliação da presidente, provavelmente, vai continuar baixa como está hoje – disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário