quarta-feira, 3 de julho de 2013

À beira do calote, empresa de Eike vira caso de polícia

SÃO PAULO - Sob o forte risco de aplicar um dos maiores calotes dos últimos tempos no mercado, o empresário Eike Batista já virou caso de polícia. A petroleira OGX, do grupo EBX, está sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por supostas falhas na divulgação de informações e pela ausência de depósito de R$ 1 bilhão no caixa da empresa, que deveria ter sido feito pelo bilionário. Entre as informações que podem ter sido mal comunicadas ou omitidas, está a promessa de produção de petróleo que não se confirmou.

De acordo com o presidente da autarquia, Leonardo Pereira, o papel da CVM é investigar se empresas divulgam informações verdadeiras e se deixam claro a evolução dos dados. Com a OGX, diz ele, não será diferente. "Quando o investidor fica desprotegido é uma falta grave", afirmou nesta quarta-feira. Segundo a CVM, o caso ainda não virou um processo sancionador – quando há acusações e possibilidade de julgamento. Mas quando – e se – chegar a esta etapa, um dos acusados deverá ser o diretor de Relações com Investidores da empresa, principal responsável pela divulgação de comunicados.
Na manhã desta quarta-feira 3, a OGX informou que, apesar do desembolso de US$ 449 milhões, a companhia terá recursos para honrar seus compromissos no médio prazo. A empresa conta com um dinheiro que ainda será recebido. Por meio de nota, a companhia afirmou também que, na medida em que seja necessário caixa adicional, ela poderá ainda exercer a opção outorgada pelo seu acionista controlador, ou seja, Eike Batista, de aportar até US$ 1 bilhão na petrolífera.
"A companhia acredita que não obstante o desembolso atual, a perspectiva do recebimento do valor devido pela cessão de uma participação de 40 por cento nos Blocos BM-C-39 e BM-C-40 tem condições de assegurar recursos necessários para que possa honrar com os seus compromissos de médio prazo", disse a OGX em nota, após questionamento da CVM.
Depois de anunciar que seu único campo de petróleo, o Tubarão Azul, não tinha mais como retirar óleo e, por isso, poderia parar sua produção em 2014, a OGX provocou um grande receio de calote no mercado. Nesta terça-feira, a companhia teve o seu rating rebaixado por duas agências de classificação de risco, a Standard & Poors e, posteriormente, a Moody´s. As ações da empresa também derreteram na Bolsa de São Paulo.
O colapso da OGX no mercado tem sido tão severo que investidores já tentam vender suas ações a míseros US$ 0,19. Mas o valor real dos papéis, de acordo com o banco Barclays PLC, pode ser tão baixo quanto zero. Segundo informações da Bloomberg, depois do anúncio de Eike sobre o campo de Tubarão Azul, a OGX passou a ter a ação de menor valor dentre as 1,9 mil empresas listadas em mercados emergentes.

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