Ex-enviado da ONU e da Liga Árabe para o país, Kofi Annan afirma que armar os adversários do presidente Bashar al-Assad não vai acabar com a crise que já dura dois anos
REUTERS - O ex-enviado da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, acredita que está tarde demais para uma intervenção militar no país e que armar os adversários do presidente Bashar al-Assad não vai acabar com a crise que já dura dois anos.
Annan, que renunciou em agosto culpando as divergências no Conselho de Segurança da ONU pelo impasse em sua mediação, pediu uma solução política com base em um acordo alcançado pelas potências mundiais em Genebra, em junho.
"Eu não vejo uma intervenção militar na Síria. Ficou muito tarde. Não tenho certeza de que não iria fazer mais mal", disse Annan ao Instituto de Pós-Graduação em Genebra, na noite de terça-feira.
"Mais militarização do conflito, não tenho certeza se é a maneira de ajudar o povo sírio. Eles estão esperando o fim da matança. Você encontra algumas pessoas longe da Síria que são as mais ansiosas por colocar armas", afirmou.
"Minha opinião pessoal é que tão tarde quanto está, temos de encontrar uma maneira de derramar água sobre o fogo e não o contrário."
França e Grã-Bretanha pediram à União Europeia para aliviar um embargo à venda de armas à Síria para que os rebeldes possam obter mais armas.
O sucessor de Annan como enviado internacional, Lakhdar Brahimi, prosseguiu com o plano de Genebra, mas não foi capaz de resolver diferenças entre os Estados Unidos e a Rússia, que resiste às exigências ocidentais para a remoção de Assad.
O acordo entre ministros das Relações Exteriores dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança estabelece a formação de um governo de transição na Síria, mas deixou em aberto o futuro papel de Assad.
"Uma vez que você fala de um governo de transição com autoridade executiva plena, significa que o governo existente está de saída e você está a caminho de fazer uma mudança. Mas eles não fizeram isso. Eles deixaram Genebra e começaram a lutar de novo", disse Annan sobre as potências mundiais divididas.
A ONU diz que cerca de 70.000 pessoas foram mortas na Síria, um dado que Annan chamou de "uma subestimação grosseira".
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