Marina Silva (AC) oficializou sua entrada no Partido Verde neste domingo, mas evitou anunciar uma candidatura quase certa à Presidência da República pela legenda em 2010, afirmando que o PV precisa antes reformular seu programa político e sua estrutura partidária.
Com um discurso que emocionou uma série de militantes do partido neste domingo, a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente entre 2003 e 2008, fez críticas ao modelo de desenvolvimento adotado pela gestão do PT, que foi seu partido por 30 anos.
Segundo ela, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva deveria, por exemplo, exigir contrapartidas ambientais nos programas de incentivo à economia --como a redução de impostos para a indústria automotiva e perdão de dívidas de grandes produtores rurais.
"O Brasil conseguiu equilíbrio econômico e isso foi fruto da iniciativa do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e foi consolidado por Lula... mas não podemos continuar crescendo na mesma direção que estamos crescendo", afirmou Marina, acrescentando que o PV "não está dizendo que não se pode ter desenvolvimento, mas que esse desenvolvimento se dê de forma sustentável".
Ela defendeu ainda uma "segunda fase" do programa Bolsa Família do governo federal, focada na inclusão produtiva dos beneficiários "para que a pessoa não se sinta dependente do Estado".
A assinatura do termo de filiação da senadora ao PV aconteceu em uma luxuosa casa de eventos de São Paulo, com a presença de cerca de mil militantes e simpatizantes do partido que gritavam "Brasil, Urgente, Marina Presidente".
Acompanharam a cerimônia os principais nomes da legenda, como o deputado federal Fernando Gabeira (RJ), o presidente do PV do Rio de Janeiro, Alfredo Sirkis, o presidente nacional do partido, José Luiz Penna, e também figuras do movimento ambientalista, como a filha de Chico Mendes, Elenira Mendes.
No discurso antes da assinatura do termo, a senadora lembrou Mendes, ambientalista assassinado no final da década de 80, e figuras políticas internacionais como Martin Luther King e Nelson Mandela.
"Estou saindo para fazer outra casa, mas para morar na mesma rua... Não é errado ter diferentes interesses. Nós precisamos de lideranças multicêntricas para questões multicêntricas", defendeu.
Antes do discurso de Marina, Gabeira afirmou que o objetivo estratégico do partido é trabalhar a redução das emissões de carbono, mas que a legenda vai trabalhar em outros temas como violência urbana, ética na política e geração sustentável de energia.
O conteúdo programático do partido para as eleições de 2010 e de longo prazo deve ser definido até novembro, antes da próxima reunião da cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em dezembro em Copenhague, na Dinamarca, disse Sirkis. Depois disso, em meados do primeiro semestre do próximo ano é que a candidatura de Marina seria oficializada.
"Não existe tática de ocultamento de candidatura. Não achamos certo essa precipitação pelo governo da campanha de 2010 desde o início de 2009. (A decisão de anunciar apenas em 2010) é também uma posição de resguardo da senadora", afirmou Sirkis em entrevista coletiva à imprensa.
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